Um Blogue sobre um bocadinho de tudo.




sábado, 23 de novembro de 2013

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Uma ausência de 4 anos... Let's go for a walk on LIFE!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sísifo

Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.

E os passos que deres
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.

Enquanto não alcances
Não descanses.

De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar
Sempre a sonhar
E vendo
Acordado,
O logro da aventura.

És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

domingo, 21 de março de 2010

Os Homens são Mulheres avariadas

O que os cientistas descobriram agora é que o cromossoma Y é uma versão degradada, estragada e avariada do cromossoma X.
Há umas semanas, uma discreta notícia publicada na inofensiva secção de curiosidades bizarras de uma revista abriu-me os olhos para uma incrível revelação que deveria ter feito a Humanidade parar, para além de, num mundo justo, valer aos autores da descoberta o Prémio Nobel. A revelação afectou-me de tal maneira que já dissertei sobre ela na rádio, já desenhei um cartoon sobre o inquietante assunto e quando me contactaram da Activa, convidando-me a escrever um artigo, achei que fazia todo o sentido falar sobre isto numa revista feminina. A verdade é que, perante a revelação de que vos falo, nem sequer a expressão "revista feminina" por oposição a "revista masculina" faz sentido.

A verdade é que nós, homens, somos no fim de contas, mulheres avariadas.
Passo a explicar. Dizia a notícia, disfarçada de inofensivo chiste para jantares de empresa, que cientistas chegaram à conclusão de que os homens estão muito mais sujeitos a apanhar todo o tipo de doenças do que as mulheres, uma vez que as mulheres possuem a famosa combinação de cromossomas XX, enquanto os homens possuem a não menos famosa combinação de cromossomas XY. O que os cientistas descobriram agora é que o cromossoma Y (que, no fundo, é o que faz de nós uns homens -não a tropa) é, no fim de contas, uma versão degradada, estragada e avariada do cromossoma X. E que o equilíbrio que as mulheres têm com a dupla XX os homens não têm com o deprimente XY, daí as doenças e o facto de morrermos mais cedo do que elas.

O que está aqui a ser dito é que a norma seria o XX. A Humanidade deveria ser toda XX. Calhou, no entanto, a algumas criaturas à face deste planeta a infelicidade de ter a combinação não de dois X mas de um X e um Y, essa versão arruinada do X. Aliás, basta olhar para as letras: o que é o Y,senão um X a quem caiu uma das pernas e que tem que se equilibrar precariamente, qual Saci Pererê, num único e frágil suporte? Para quem ainda não percebeu - e eu ainda não fui suficientemente claro porque estou meio em negação -, o que este estudo nos está a dizer é que era suposto existirem apenas mulheres no mundo. Por um azar, uma corrente de ar, qualquer coisa que correu mal na Criação, um cromossoma X estragou-se. E aparecemos nós: esta anomalia a que se convencionou chamar "homem".

Tenho tonturas ao pensar nisto. Ao pensar que sou uma anomalia. Isto põe em causa séculos e séculos de conceitos que tínhamos como certos. A ideia que somos o sexo forte. A importância que damos ao nosso pénis. Sendo que somos uma anomalia, à luz destas novas descobertas, a importância do nosso pénis é a mesma de uma borbulha ou de um furúnculo, uma vez que, tudo indica, era suposto termos uma vagina.

Isto é uma situação profundamente dramática, pelo que quero apelar às mulheres de Portugal que, perante a bombástica revelação, não a usem contra nós, evitando assim expressões tais como: "Estás a ver?", "Ora toma !" ou "E agora, quem é o sexo forte?". Mais do que nunca, precisamos de carinho e compreensão. Contamos convosco!

Nuno Markl - criativo, in "ACTIVA" nº 175, Junho 2005

terça-feira, 15 de dezembro de 2009


Este artigo é deveras interessante, para os alentejanos em geral e em especial para os Campomaiorenses!.. Ficamos é sem saber qual a quinta. Eu cá palpitou-me que fosse a Quinta das Queimadas, mas fica a questão no ar, até próximo esclarecimento. Aqui vos deixo um resumo:

Alto Alentejo - «Destino ignorado, mas não por muito tempo» (New York Times)

O jornal norte-americano referencia o Alto Alentejo como um destino «sofisticado», um refúgio ainda por explorar, um destino «ignorado, mas não por muito tempo, que nos últimos anos se tornou refúgio de um sofisticado jetset internacional». Os hotéis de charme, as adegas, as paisagens, monumentos e gastronomia e os monumentos são descritos no jornal.

O ponto de partida do artigo do The New York Times é a história de Doug Smith, americano cansado da gestão do seu hotel na Califórnia e à procura de novos projectos «num local exótico» Doug acabou por descobrir o Alto Alentejo e comprou uma quinta do século XVIII em Campo Maior.

Na reportagem descrevem-se os «tesouros naturais» da região assim como o «luxo anacrónico» de Estremoz e a Pousada Rainha Santa Isabel, do Crato e o Convento da Flor do Rosa, que «traz a arte contemporânea a um castelo do século XIV» e da vila de Marvão e a sua muralha mourisca.

Dos queijos de Nisa às especialidades com migas, sem esquecer os vinhos, o parágrafo dedicado à gastronomia é extenso referindo-se que a comida e o vinho estabelecem laços entre as famílias locais e os visitantes, escreve o jornal, que recomenda alguns restaurantes destacando a genuinidade dos produtos e o poder atractivo de uma cozinha que nos últimos anos tem vindo a cativar «um número crescente de amantes dos prazeres da vida».

A terminar refere-se que, por enquanto, «é um destino sem complicações, em conta e agradável». (O artigo já está disponível online, na página do jornal em www.nytimes.com.)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Não posso deixar de veicular este pensamento a quem ainda não teve oportunidade de ler. Simplesmente "Maverous" :)


«Ou estou fortemente enganado (o que sucede, aliás, com uma frequência notável), ou a história de Portugal é decalcada da história de Pedro e o Lobo, com uma pequena alteração: em vez de Pedro e o Lobo, é Pedro e a Crise.

De acordo com os especialistas - e para surpresa de todos os leigos, completamente inconscientes de que tal cenário fosse possível - Portugal está mergulhado numa profunda crise. Ao que parece, 2009 vai ser mesmo complicado.

O problema é que 2008 já foi bastante difícil. E, no final de 2006, o empresário Pedro Ferraz da Costa avisava no "Diário de Notícias" que 2007 não iria ser fácil. O que, evidentemente, se verificou, e nem era assim tão difícil de prever tendo em conta que, em 2006, analistas já detectavam que o País estava em crise. Em Setembro de 2005, Marques Mendes, então presidente do PSD, desafiou o primeiro-ministro para ir ao Parlamento debater a crise económica. Nada disto era surpreendente na medida em que, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, entre 2004 e 2005, o nível de endividamento das famílias portuguesas aumentou de 78% para 84,2% do PIB. O grande problema de 2004 era um prolongamento da grave crise de 2003, ano em que a economia portuguesa regrediu 0,8% e a ministra das Finanças não teve outro remédio senão voltar a pedir contenção. Pior que 2003, só talvez 2002, que nos deixou, como herança, o maior défice orçamental da Europa, provavelmente em consequência da crise de 2001, na sequência dos ataques terroristas aos Estados Unidos. No entanto, segundo o professor Abel M. Mateus, a economia portuguesa já se encontrava em crise antes do 11 de Setembro.

A verdade é que, tirando aqueles seis meses da década de 90 em que chegaram uns milhões valentes vindos da União Europeia, eu não me lembro de Portugal não estar em crise. Por isso, acredito que a crise do ano que vem seja violenta. Mas creio que, se uma crise quiser mesmo impressionar os portugueses, vai ter de trabalhar a sério. Um crescimento zero, para nós, é amendoins. Pequenas recessões comem os portugueses ao pequeno-almoço. 2009 só assusta esses maricas da Europa que têm andado a crescer acima dos 7 por cento. Quem nunca foi além dos 2%, não está preocupado.

É tempo de reconhecer o mérito e agradecer a governos atrás de governos que fizeram tudo o que era possível para não habituar mal os portugueses. A todos os executivos que mantiveram Portugal em crise desde 1143 até hoje, muito obrigado. Agora, somos o povo da Europa que está mais bem preparado para fazer face às dificuldades.»

Ricardo Araújo Pereira
in VISÃO, 11.12.2008